O cenário futuro das Empresas Familiares no Brasil

*ADM. Sandra Regina da Luz Inácio

Independentemente do tamanho da empresa, seja ela familiar ou não, nenhuma pode prever e controlar o futuro. O cenário atual é de VUCA (volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade), a tecnologia avança rumo à ao crescimento do mercado, que já não é mais linear, mas sim exponencial. O único denominador comum a todas as projeções do futuro é a incerteza, mesmo assim as empresas continuam produzindo, vendendo e gerando lucros, mesmo com toda a preocupação e incertezas.

Em toda a nossa história, a expectativa de vida das empresasno mundo está diminuindo. Continuar crescendo e gerar lucro no futuro tem sido cada vez mais difícil, por conta de duas variáveis: velocidade e incertezas.

Os anos de 2020 e 2021 foram muito difíceis para todos ao redor do mundo. Nas empresas familiares, a saúde e a segurança das pessoas foram prioridade, enquanto seus líderes reconfiguravam as operações para combater a retração da economia e as incertezas sobre o futuro, onde o foco principal foi em proteger o core business e sobreviver à pandemia.

O estudo da Family Business Survey em 2021 da PwC, prevê que 78% das empresas nacionais esperam ver crescimento já neste ano de 2022. A pesquisa também destaca que as principais prioridades das empresas familiares brasileiras nos próximos dois anos são a expansão para novos mercados e segmentos de clientes, o aumento do uso de novas tecnologias e digitalização, o aprimoramento das capacidades digitais e o desenvolvimento de novos produtos e serviços.

Ainda para a pesquisa, somente 28% das empresas familiares brasileiras acreditam ter fortes recursos digitais e 32% afirmam que eles não são prioridade, em comparação com a média global de 38% e 29%, respectivamente.

Ter fortes recursos digitais é motivo de agilidade e sucesso: 71% das empresas brasileiras com fortes recursos digitais tiveram crescimento pré-Covid, em comparação com 60%para as empresas que não têm recursos digitais.

A pesquisa foi realizada com 2.801 participantes de 87 países (com 282 entrevistas realizadas no Brasil), traz também as percepções sobre o futuro das empresas familiares em relação entre as gerações, impactos de ações sociais e negócios on-line. As questões relacionadas à sustentabilidade estão mais abaixo na ordem de prioridade das empresas familiares brasileiras quando comparadas com as respostas globais.Apenas 39% dos entrevistados têm uma estratégia de sustentabilidade desenvolvida e comunicada.

Das 282empresas brasileiras pesquisadas:

  • 28% dizem ter fortes recursos digitais
  • 60% têm como prioridade expansão para novos mercados e segmentos de clientes nos próximos dois anos
  • 85% têm a mesma expectativa para 2022.

Entre os dados mais relevantes apresentados, destacam-se os níveis de confiança, transparência e comunicação, considerados bastante elevados entre as empresas familiares brasileiras. 51% afirmam que há alinhamento da família com mais transparência na direção da empresa.Nesse sentido, 24% dos respondentes brasileiros afirmam ter um plano de sucessão em vigor robusto, documentado e comunicado. Entre as entrevistas internacionais, esse número é de 30%.

Quanto ao crescimento, a pesquisa aponta que as empresas familiares resistiram à pandemia relativamente bem. Menos da metade dos participantes no mundo (46%) esperavam que as vendas caíssem mesmo com a pandemia, e os entrevistados se declaram otimistas em relação à capacidade de seus negócios de resistir e continuar a crescer em 2022.No Brasil, o estudo da PwC indica que 23% dos respondentes ainda estão se concentrando em proteger seu negócio principal, garantindo que sobreviva a essa fase. Em um prazo mais longo, 80% das empresas familiares brasileiras querem proteger o negócio como o bem mais importante da família, semelhante às respostas dos respondentes dos outros territórios.

Nesse cenário, inovação corporativa não é somente uma questão de posicionamento de marca ou atração de talentos, mas sim de sustentabilidade futura. Significa desenvolver uma organização capaz de enxergar diferentes horizontes do presente imediato ao futuro mais singular, como demonstra o modelo dos três horizontes publicado originalmente em 2000 pela consultoria McKinsey & Company:

  • Primeiro Horizonte: a inovação é capaz de melhorar a eficiência do core business atual. É a inovação incremental que melhora a eficiência operacional e maximiza a entrega de valor que já existe hoje.
  • Segundo Horizonte: inovação que cria novos negócios internos para, ao longo do tempo, se tornarem novas unidades de negócio. Eles têm potencial de mudar a fonte principal de receita de uma organização, estendendo as competências atuais para mercados adjacentes.
  • Terceiro Horizonte: ideias e oportunidades nascentes que podem se tornar engrenagens de crescimento futuras. Elas podem mudar a natureza e as regras de uma empresa e a incerteza que vem com a disrupção.

Com o horizonte definido, a próxima decisão a ser tomada é se a inovação acontecerá dentro da empresa ou além das paredes dela.

* ADM. Sandra Regina da Luz Inácio


O artigo aqui apresentado não necessariamente reflete a opinião da ADM – Associação Brasileira de Administração e seu conteúdo é de exclusiva responsabilidade da autora.

Address
304 North Cardinal St.
Dorchester Center, MA 02124

Work Hours
Monday to Friday: 7AM - 7PM
Weekend: 10AM - 5PM